Política monetária após o plano real
Política Monetária no Brasil pós Plano Real (1995-2008): um breve retrospecto† André de Melo Modenesi*
RESUMO - É feito um retrospecto da condução política monetária após o Plano Real. Na primeira seção, é apresentada uma síntese da política monetária durante o Plano (1995-98).
Em seguida, é abordado brevemente o regime de metas de inflação (RMI), entre 1999 e 2008.
Na seção 3, é feito um balanço dos custos e benefícios do combate a inflação; primeiramente, em termos teóricos e, em seguida, da experiência brasileira. Ao final, são apresentadas as conclusões. A existência de problemas no mecanismo de transmissão amplia o sacrifício imposto pela política monetária à sociedade brasileira. Por um lado, a inflação tem-se mostrado pouco sensível à Selic. Por outro, o custo de uma redução da inflação – dado pela retração da atividade econômica, valorização cambial e piora nas contas públicas – tem sido alto. Palavras-chave: Plano Real. Inflação. Mecanismo de transmissão da política monetária.
1 UMA SÍNTESE DA POLÍTICA MONETÁRIA DURANTE O PLANO REAL
(1995-1998)
A adoção do Plano Real constitui um dos mais relevantes eventos da história econômica brasileira contemporânea, ao ter encerrado a sucessão de cinco tentativas fracassadas de combate à inflação que marcou a condução da política econômica do país por uma década: planos Cruzado (1986), Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990) e Collor II
(1991). Somente em 1994, com o Real, é que se interrompeu o longo processo de alta inflação crônica que se intensificou a partir de meados dos anos de 1980.
Tratou-se de uma estratégia de estabilização de preços implementada em três fases, entre 1993 e início de 1999. As etapas do Plano podem ser assim sumariadas: i) realização de ajuste fiscal de curto prazo – com a criação do Plano de Ação Imediata e do Fundo Social de
Emergência; ii) desindexação da economia por