Polis
Maria Eliane R. de Souza*
Do final do século XVI até meados do século XVII a ciência moderna abre espaço Galileu Galilei (1564-1642), o teorizador do novo método científico, que veio reafirmar o sistema copernicano[1] do universo, estudar matematicamente os movimentos dos corpos físicos, romper com a cosmofísica tradicional e dar grande ênfase à relação causa e efeito na observação dos fenômenos físicos. Estes fatos fizeram de Thomas Hobbes (1588-1679) seu grande discípulo na filosofia. A partir de Galileu a ordem matemática já presente em Copérnico se junta a um novo método. A natureza é um sistema simples e ordenado com procedimentos regulares e necessários; agindo por meio de leis, jamais as transgride não importando se são compreensíveis ou não ao homem. O universo é do domínio da matemática e não se pode compreendê-lo sem antes conhecer a língua em que está escrito. Como legado galileano, o mundo moderno reconhecerá o método matemático e passará a enxergar na natureza um grande livro aberto diante de seus olhos. Esta revolução científica operada por Galileu revela uma nova maturidade metodológica para o século XVII da qual Hobbes se apropria. A firme crença na estrutura matemática do cosmos leva os pensadores a buscarem na natureza o alfabeto matemático para conhecê-la. E, assim, nasce um racionalismo e um empirismo que obriga o mundo científico a abrir mão do senso comum e daquela autoridade empírica e superficial que dominara o conhecimento até ali. Na modernidade, exige-se a experimentação e quando se fala à natureza as respostas são recebidas em círculos, curvas, triângulos etc. Sua linguagem é definitivamente geométrica com uma forte relação causa e efeito entre os diversos acontecimentos. Fiel ao seu tempo e circunstâncias Hobbes, apoiando-se na nova ciência natural, afirma o mundo físico como o mundo dos corpos em movimentos e o descreve como uma máquina. Seu mecanicismo se estende