Pólis
O universo espiritual da Pólis
1 O aparecimento da pólis (século VIII-VII) marca entre os gregos o surgimento de uma nova forma de vida social e relacionamento entre os homens.
2 A palavra torna-se um instrumento político por excelência. A eficácia do poder que exerce a palavra lembra os “ditos” dos reis, mas trata-se de algo diferente; peithó, a força de persuasão é expressa no debate do contraditório, na discussão, na argumentação; ela supõe um publico ao qual se dirige e que deve decidir como um juiz, essa escolha puramente humana mede a força de persuasão entre discursos, assegurando a vitória de um dos oradores sobre seu adversário.
3 O que antes era decidido por um soberano, agora deve ser submetido à arte da oratória, deve resolver-se na conclusão do debate. Existe relação estreita entre política e logos, este toma consciência de si mesmo, de suas regras e eficácia através de sua função política. A retórica e a sofistica abrem caminho às pesquisas de Aristóteles ao definir uma técnica de persuasão, regras da demonstração e ao pôr uma lógica do verdadeiro, própria do saber teórico, em face a lógica do verossímil ou provável, que preside os debates arriscados.
4 A polis existe na medida em que se distinguiu um domínio público, nos dois sentidos diferentes, mas solidários do termo: um setor de interesse comum, opondo-se aos assuntos privados e práticas abertas, estabelecidas em plena luz do dia, opondo-se a processos secretos.
Há uma exigência de publicidade que leva a apreender progressivamente em proveito do grupo e a colocar sob o olhar de todos o conjunto das condutas. A passagem de conteúdos (conhecimentos, valores, técnicas mentais) antes de domínio privado para o publico faz não só ser mais garantia de poder como também são expostos a criticas e controvérsias. A lei da polis exige uma prestação de contas, já não importa a força do prestigio pessoal ou religioso, mas sua retidão.
5 A escrita que desde o sec VIII se trata de um saber