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Heloisa Afonso Ariano hafonso@ufmt.br INTRODUÇÃO Recentemente, Néstor Garcia Canclini afirmou que o sentido do urbano mudou muito desde 1900, quando viviam na cidade cerca de 4% da população mundial. Hoje, metade dos habitantes é composta de citadinos. Nota que como esta expansión de las ciudades se debe en buena parte a la migración de campesinos e indígenas, esos conjuntos sociales a los que clásicamente se dedicaban los antropólogos ahora se encuentran en las urbes. En ellas se reproducen y cambian sus tradiciones, se desenvuelven los intercambios más complejos de la multietnicidad y la multiculturalidad. (CANCLINI: 1999) Logo, trata-se de estudar os velhos temas, em novos contextos, o que obriga os antropólogos a romper as fronteiras das áreas da Antropologia e mesmo entre as Ciências Sociais, de forma a entender como esses grupos interpretam sua experiência e se adaptam a novos contextos. É isso o que se pretende ensaiar com este artigo. O Estado de Mato Grosso abriga a maior diversidade sociocultural do Brasil. Nele habitam 40 povos indígenas, com suas línguas e culturas, incluindo os grupos do Parque Nacional do Xingu. Na cidade de Cuiabá, capital do Estado, declararam-se indígenas 0,15% e 0,45% em 1991 e 2000, respectivamente, o que representou um aumento de 200% no período (IBGE:2007). Para a Cuiabá hodierna, surpreende ao senso comum a afirmação da presença de índios. No entanto, circulam por universidades, shoppings, cinemas, vestidos como “branco”. Diferentemente, os aldeados são facilmente identificáveis por seu visual: roupas, cabelos… “O mundo urbano tem em alta conta o reconhecimento visual”, afirmava Wirth (1987:103). Nos agrupamentos humanos, densamente povoados, amplia-se a tendência para interações marcadas pelo aspecto aparente. É resultado dos numerosos contatos superficiais que somos obrigados a manter nas grandes cidades. Isso explica esta tendência a identificá-los por características visuais