Poetas modernistas: biografia, poema e análise
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968) é uma das figuras mais importantes da poesia brasileira e um dos iniciadores do Modernismo. Apesar de ser um poeta fabuloso, também foi ensaísta, cronista e tradutor. O próprio autor define sua poesia como a do "gosto humilde da tristeza". Grandes músicos de seu tempo como Heitor Villa-Lobos musicaram poemas seus.
Bandeira transcendeu o Modernismo. Desde jovem gostava da leitura, mas teve que abandonar a faculdade por ter contraído tuberculose. Passou a vida inteira com a doença, apesar das várias estadas em clínicas brasileiras e até na Suíça.
Ligou-se aos modernistas em 1921 e participou da Semana de Arte Moderna. Em 1940 tornou-se membro da ABL. Apesar de um começo parnasiano, Bandeira já produzia inovações em 1919. No livro deste ano estava contido poema Os Sapos, uma irreverente crítica aos parnasianos que foi usada como lema dos modernistas da primeira fase. As várias poesias subseqüentes têm metrificação nula e seus livros são ortodoxamente modernistas.
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.
- Análise:
Bandeira expõe a frustração com a vida, a infelicidade de não conseguir nada do que deseja e ter tudo o que não quer (se referindo as debilidades que possui como o uso do óculos e a tosse, pois tinha tuberculose).
Bandeira também expõe uma crítica social ao falar da obrigatoriedade do voto.
Ele representa tudo o que