Poesia
No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah!, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos...
Jhuh. Knin Tu gostas é de pilão.Artigo
Autor: Edwilson Soares Freire
RESUMO:
Mediante análise de fragmentos de poemas, este artigo postula que o binômio solidão-melancolia aparece representado na obra pessoana em dois momentos específicos do dia: a noite e o crepúsculo. Este representa a própria solidão ou um sentimento de desconsolo diante da vida, e aquela, a representação da própria morte, trazendo um almejado descanso às fadigas humanas. A análise contempla apenas Pessoa ele-mesmo e Alberto Caeiro. Faz-se, também, uma comparação entre a lírica de Camões e a poética de Pessoa, destacando-se apenas o aspecto do desconcerto do mundo versus o desconcerto do eu. PALAVRAS-CHAVE: Poesia. Fernando Pessoa. Solidão. Melancolia.
Uma maior solidão
Lentamente se aproxima
Do meu triste coração.
Fernando Pessoa
Uma das temáticas mais recorrentes na obra de Fernando Pessoa é uma aguda solidão que se mistura com ou evapora de um sentimento de desilusão diante da vida. Para Linhares Filho, “a procura da verdade artística e filosófica fez com que a cosmovisão pessoana se diversificasse”