Poesia
Acho que assim colado não ficou bom, não foram as imagens. Mas foi o link e vc pode dar uma olhada, não precisa ler tudo... é só para vc me ajudar na aula sobre poema concreto, a próxima, na quinta.
Abraço, Tida.
Por Tida Carvalho
Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimamos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.
(ANDRADE, 1959, p. 49)
Haroldo de Campos, em A máquina do mundo repensada (2004), estabelece diálogos com a tradição literária e com outras áreas do conhecimento, notadamente, a física. Por meio da terza rima, dos decassílabos e do enjambement constante, o poeta construiu um poema de 152 estrofes, mais uma coda de verso único, distribuídas em três cantos. Neles, apresenta um diálogo explícito com os grandes cânones literários universais – em especial, com Dante e Camões – e com brasileiros, como Drummond, passando em revista os dilemas da criação do universo, vistos pelos olhos da ciência e da religião. Ao retomar a alegoria da máquina do mundo, são restabelecidos parâmetros para a compreensão dessa tópica, a qual é transformada no próprio poema, tornando-se, desse modo, a máquina do mundo no maquinar da palavra poética.
Além dos diálogos explícitos, perceptíveis já no título, há uma diversidade de referências literárias, bíblicas e científicas presentes no texto, que convidam a uma leitura atenta, marcada, pelo jogo entre poeta e leitor, mediado pela linguagem do poema. O poeta é, por isso, um enxadrista – expressão de João Alexandre Barbosa (1979, p. 11) a conduzir o jogo-texto, desafiando a argúcia de seu parceiro, o leitor, que deve estar disposto a rastrear outras referências além daquelas que surgem explicitamente no texto.
No caso de AMMR, o Haroldo da maturidade volta-se para a sua tradição de forma mais contundente, já que a reinvenção desta é uma constante em sua