Poesia marginal
Chacal (Ricardo de Carvalho) nasceu no Rio de Janeiro, em 1951. Mais conhecido como músico e letrista — com parcerias célebres com Lulu Santos, 14 Bis, Blitz e outras bandas e compositores de sucesso —, Chacal é também, e sobretudo, um poeta criativo, original, irreverente. Surgiu com Muito Prazer , Ricardo (1971) e desde então colabora em antologias, revistas impressas e eletrônicas, em performances, como autor e editor de livros, cronista, guionista, o escambau.
Quem primeiro o indicou para o nosso Portal de Poesia foi nosso amigo Ricardo Muniz de Ruiz, que inclui Chacal na antologia República dos Poetas. Agora é quando.... Deparamos com textos muito expressivos na antologia 41 Poetas do Rio (Funarte, 1998), organizada por Moacyr Felix, de onde fizemos esta breve seleção. Uma homenagem, uma prova de admiração pelo artista.
Recentemente reaparece na Antologia comentada da poesia brasileira do século 21, organizada por Manuel das Costa Pinto, em edição da Publifolha (2006).
SONETO
Ana Cristina César
Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida
Pergunto aqui meus senhores quem é a loura donzela que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?
Poesia maginal poesia marginal foi uma prática poética marcada pelo artesanal, por poetas que queriam se expressar livremente em época de ditadura, buscando caminhos alternativos para distribuir poesia e revelar novas vozes poéticas.
É um movimento cultural fundado nos anos 70, os poetas mais marcantes desta época foram Ana Cristina César, Paulo Leminski, Ricardo Carvalho Duarte (Chacal), Francisco Alvim e Cacaso. As poesias eram distribuídas em livretos artesanais mimeografados e grampeados, ou simplesmente dobrados.
Poetas, universitários e cabeludos eram caras que imprimiam no álcool do