Poesia Marginal dos anos 70
O conceito de Poesia Marginal, no ponto de vista contemporâneo, deve-se ao fato de essa poesia ter sido artesanal: publicada em panfletos e/ou livretos mimeografados, e organizados como que livros, grampeados ou não; declamados nas praças, calçadas e vendidos livremente, tais como nossos cordéis, vendidos nas feiras livres, praças e guetos. Longe dos editores e de suas políticas financeiras.
A poesia marginal foi uma prática poética marcada pelo artesanal, por poetas que queriam se expressar livremente em época de ditadura, buscando caminhos alternativos para distribuir poesia e revelar novas vozes poéticas.
A ditadura militar foi um duro golpe na literatura, tendo sido agravada a partir de 1970, assim vários escritores tinham que se manter anônimos ou usar nomes falsos para terem suas obras circulando sem correr o risco de sofrerem com o AI-5. Isso é claro, influenciou na qualidade do que circulava. O maior desafio dessa literatura engajada havia sido transmitir uma mensagem política sem se render ao maniqueísmo.
*Al-5 = Dessa forma, no dia 13 de dezembro de 1968, ocorreu a publicação do Ato Institucional n° 5. Visto como uma das maiores arbitrariedades da época, o novo decreto permitia ao presidente estabelecer o recesso indeterminado do Congresso Nacional e de qualquer outro órgão legislativo em esfera estadual e municipal, cassar mandatos e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos. Além disso, poderia ser realizado o confisco dos bens daqueles que fossem incriminados por corrupção. Não bastando isso, o AI-5 suspendia as garantias individuais ao permitir que o habeas corpus perdesse a sua aplicação legal. A partir de então, autoridades militares poderiam prender e coagir os cidadãos de forma arbitrária e violenta. Logo após a publicação do AI-5, vários jornalistas e políticos foram lançados na cadeia. Tempos mais tarde, o presidente Costa e Silva se dirigiu à nação dizendo que tal ato fora necessário para