Platao
O livro IV começa do último tema do livro III, isto é, ainda falando dos guardiões e da sua condição de pobreza. Adimanto questiona se não estaria assim condenando os guardiões à infelicidade. Sócrates responde positivamente e acrescentando que se faz isso não só pelos próprios guardiões, mas pelo bem de toda a cidade, pois o poder de administrá-la está em suas mãos, além da própria felicidade dela.
A partir daí, Sócrates começa a demonstrar os efeitos de como as diferenças econômicas constituem dificuldades para a harmonia da cidade e sua defesa. Sua analogia é comparável ao do homem quando se dedica ou muito à música, isto é, à alma ou quando se dedica muito à ginástica, i. é., ao corpo no livro III. Ou seja, ele aponta como a riqueza é também a origem da preguiça e do luxo, enquanto a pobreza, à rudeza e um modo desleixado de trabalhar. Desta maneira, a cidade deve se organizar como um corpo só, não podendo se dar ao luxo de disputas internas para o seu próprio enfraquecimento. Cada parte é crucial na cidade, portanto deve-se também dar importância ao todo da cidade, já que ela não pode ser muito pequena ao ponto de não ser auto-suficiente e não pode ser muito grande ao ponto de não ser unida.
Decorre daí que as pessoas tenham educação a ser cidadãos desde crianças e tenham o que lhes sejam devidas, como Sócrates diz no final do livro III por meio da metáfora dos metais. Pois, não buscando o que não lhes é devido, os estamentos não se confundem com pessoas fora de lugar, por exemplo, um bom músico como guardião. Então, a cidade tem cada uma das suas partes com os homens com o tipo de alma correlata, se tornando mais organizada e auto-eficiente, isto é, feliz.
Aqui Sócrates dá por encerrada a discussão sobre a fundação da cidade, dando para seus interlocutores a vez para diferenciar a justiça da injustiça e saber qual delas é necessária para ser feliz, uma vez que se tem por unânime que Apolo já dera as leis referentes ao culto das