platao
Como afirma Jean Lacoste, se a filosofia da arte começa com Platão (e de fato isso é verdade se considerarmos seus escritos), ela principia com a condenação da arte. Embora Platão tenha nascido, crescido e vivido numa época em que Atenas respirava a reformulação processada por Péricles, inclusive do ponto de vista das belas artes, e tenha recebido, como grande parte dos jovens de sua época, uma educação que conferia um lugar proeminente aos poetas (principalmente Homero e Hesíodo), vai voltar-se contra a poesia, a pintura, o discurso escrito, a escultura e os cenários dos teatros.
A compreensão da beleza em Platão passa necessariamente por sua teoria das idéias, sem a qual fica difícil alocar e discorrer sobre o belo. Como afirma Ariano Suassuna, a teoria platônica da arte e da beleza está atrelada a sua visão de mundo. Como é sabido, Platão divide o universo em dois mundos: como diz Ortega y Gasset, o mundo em ruínas e o mundo em formas. Aquele é o que temos diante dos olhos, um mundo de transformações e mudanças intensas, onde nada permanece e tudo se esvai, no sentido mais típico do pantha-reiheraclitiano, o mundo da feiúra e da decadência. Este, por sua vez, é o mundo do autêntico, das idéias puras ou essências, do eterno e imutável que existe e sempre existirá, no sentido proposto por Parmênides e pela exatidão da matemática que Platão tanto admirava. O mundo das idéias no qual a verdade, a beleza e o bem são essências superiores, arquétipos imutáveis que servem de formas, modelos às coisas do mundo do sensível, este marcado pela mutabilidade, pela imperfeição. E tendo como pano de fundo esse sistema binário que Platão refletira a questão da beleza. Desde já