Plano real
O resultado imediato da sobrevalização cambial provocou um elevado déficit na Conta Corrente do Balanço de Pagamentos, tornando o País cronicamente dependente de recursos externos e exposto a uma grande fragilidade financeira face aos movimentos especulativos de capitais e às crises financeiras internacionais. A vulnerabilidade externa da economia brasileira se caracteriza pela necessidade de financiamento para cobrir os déficits da Conta Corrente e as amortizações da dívida externa, bem como pela excessiva abertura da Conta de Capitais e a insuficiência de reservas internacionais.
A fixação do câmbio e a imediata valorização da moeda nacional face ao dólar inverteu a tendência da balança comercial, que era fortemente positiva e logo começou a apresentar elevados déficits, especialmente em decorrência do aumento das importações. Gustavo Franco, presidente do Banco Central, descartou haver uma defasagem cambial, dizendo que a mesma só poderia existir numa economia fechada, como havia sido a brasileira no passado. Uma vez realizada a abertura financeira, os fluxos de entrada e saída de capitais fariam a taxa de câmbio convergir para o ponto de equilíbrio, da mesma forma que a oferta e a demanda de bananas provocariam o equilíbrio do preço das bananas, no mercado de bananas da feira livre da esquina. Além disso, um déficit inicial em conta corrente seria até benéfico, ao aportar nova poupança externa ao desenvolvimento brasileiro, pois parte das importações era constituída de