Pinóquio às avessas
“Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim”. (Fernando Pessoa).
Assim dá-se o início do livro “Pinóquio às avessas” de Rubem Alves, onde a visão de ensino-aprendizagem tradicional é criticada pelo autor. Rubem Alves utiliza, para demonstrar sua opinião sobre o assunto, o personagem Felipe, uma criança prestes a entrar na escola, desejosa em sanar suas dúvidas sobre o mundo e seus sonhos. Finalmente na escola, entra em grande frustração ao perceber que a vida real fugira bastante daquilo que lhe era importante. Suas perguntas não eram respondidas e seus conhecimentos adquiridos até então, não eram válidos suficientemente para a bagagem cognitiva de um futuro adulto, de um vestibulando, e posteriormente, de um homem de sucesso.
2 REFLEXÃO SOBRE A SITUAÇÃO ESCOLAR DO PERSONAGEM
De acordo com a abordagem tradicional, Felipe é um receptor passivo, uma tábula rasa, como demonstrado no trecho a seguir:
Eu gosto de pássaros. Ao vir para a escola, vi um pássaro azul que come mamão. Mas eu não sei o nome dele. A senhora, que ensina nomes, poderia me dizer qual é o nome dele? A professora sorriu e disse: - Agora não é hora de pensar em pássaros (...) temos de pensar e falar sobre aquilo que o programa manda. (MIZUKAMI, 1986, p. 29).
O personagem Felipe, é a exemplificação do próprio homem, considerado como inserido num mundo que irá conhecer através de informações que lhe serão fornecidas basicamente através da família e escola e, que se decidiu, serem as mais importantes e úteis para ele. Segundo suas teorias, o homem é um receptor passivo até que, repleto das informações e conteúdos considerados necessários, pode repeti-los a outros que ainda não as possuam, quer seja na sociedade ou em sua profissão, denotando capacidade e eficiência.
O mundo, pela concepção tradicionalista, é externo ao indivíduo. Esta definição pode-se ser observada na citação abaixo, onde o pai de Felipe