Peça curta
Sinopse: Dona Itamiranda é uma senhora de 87 anos com um grau elevadíssimo de Alzheimer, habitante de um mundo só seu, ela cria, reinventa e simula um universo de devaneios propriamente oriundos da sua personalidade. Permeando a narração de seus causos, há sempre uma figura presente que vai colorir suas estórias e dar vida aos frutos da sua imaginação, frutos da imaginação que sempre se relacionam com seu prato preferido: lasanha. No ápice da loucura, Dona Itamiranda volta pra a realidade. Se percebe velha e cansada. Um abismo entre a demência e consciência do real. Encontramos personagens que frequentam as fantasiosas estórias dessa senhorinha, que por ser tão ausente do mundo real é feliz.
Descrição do cenário: A sala de uma casa, com uma poltrona velha que fica sob uma plataforma giratória, de frente para uma televisão também posicionada na plataforma circular. Ao redor da plataforma objetos diversos estão dispostos: uma cadeira quebrada, uma bacia com cérebros, pijamas, brinquedos de crianças, porta-retratos, jornais, potes de margarina vazios, um jaleco branco e lasanhas de caixinha.
Cena 1 - O exorcizado
Dona Itamiranda: Pelo amor de Deus, dá pra acreditar numa coisa dessas? Minha filha, isso não existe. Onde esse mundo vai parar? (chama criada) Socorro, Socorro. Tá prestando atenção no que eu to te dizendo. Ah, tu taí, né imprestável? Ouviu o que eu disse? O príncipe da Escócia vai ser exorcizado amanhã de manhã. Não perco isso por nada! Põe aí na globo. Tu vai ver. (Dona Itamiranda se levanta e vira-se para a plateia)
Outro dia eu vi um vizinho ser exorcizado. Coisa impressionante, menina. O benzedeiro pegava o menino pelo pescoço assim (ela pega o próprio pescoço). Aí ele falava: sai, tinhoso, que eu sei que tu ta aí, sai daí coisa ruim, bicho coisa, pé torto, sete pele, cão que chupa manga. Aí o homem se tremeu todo, cuspiu um pedaço de macaxeira e se libertou. Foi aí que todo mundo descobriu, não