Perfeição da Santidade
Pe. José Antônio Netto de Oliveira, SJ
Não é necessário um grande esforço de observação para notar que muitos cristãos e, particularmente cristãos consagrados, não vivem sua fé com alegria, não dão um testemunho existencial de que o Evangelho é uma alviçareira e Boa Notícia para todo ser humano, uma libertação de todo medo, diante da revelação, em Jesus Cristo, da inexplicável misericórdia, perdão, amor incondicional de Deus para com suas criaturas.
Cristãos e cristãos consagrados parecem viver um interminável sentimento de culpa diante de Deus, sempre sentindo‑se em dívida e conseqüentemente experimentando uma separação ou pelo menos uma distância e frieza no relacionamento com Ele. O Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, revelado como infinita ternura, misericórdia, amor, proximidade para com o homem pecador não é então percebido como Pai, mas como um juiz mal humorado, eternamente esquadrinhando nossa vida atrás de infidelidades, desobediências e fraquezas. Em vez da intimidade, da proximidade e da alegria que Jesus manifesta no seu relacionamento com o Pai, nós, como Adão no Paraíso, sentimos medo de Deus e procuramos esconder‑nos.
Nós, cristãos, nem sempre temos sabido refletir em nossos próprios rostos a alegria de Deus: desde o escrúpulo até à angústia, desde a estreiteza de espírito até à inimizade para com o corpo, desde um ascetismo não integrado até um legalismo sem calor... damos demasiadas vezes a impressão de que somos pessoas mais presas do que libertadas por nosso Deus.
As causas desses sentimentos e comportamentos dos cristãos, pouco reveladores da Boa Notícia de Jesus, podem ser procuradas em múltiplas direções: no tipo de educação religiosa recebida, na psicologia pessoal mais ou menos propensa a sentimentos de culpa e de escrupulosidade, na experiência de se ter sido ou não amado com gratuidade, na experiência pessoal de Deus, nas múltiplas camadas teológicas e ideológicas que se foram superpondo, obscurecendo muitas