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ESTUDOS DE LÍNGUAS DE SINAIS – UMA ENTREVISTA COM RONICE MÜLLER DE QUADROS
Ronice Müller de Quadros1 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
ReVEL – Este número da ReVEL foi proposto a fim de contribuir com os estudos sobre as línguas de sinais com a ênfase nos estudos linguísticos. A seu ver, qual seria o estado da arte dos estudos linguísticos sobre a Libras no Brasil? Ronice Quadros – Os estudos linguísticos sobre a Libras no Brasil estão começando a se estabelecer de forma mais ampla. Esses estudos tiveram início na década de 80, com Lucinda Ferreira Brito (1984, 1990, 1993, 1995). Por exemplo, Ferreira Brito (1984, 1993) apresentou ao mundo duas línguas de sinais brasileiras, a língua de sinais dos centros urbanos brasileiros (atualmente referida como Libras), focando na variante de São Paulo, e a língua de sinais Urubu-Kaapor, pertencente à família Tupi-Guarani, uma língua usada na comunidade indígena Urubu-Kaapor do interior do Maranhão. Nesse artigo, a autora apresenta algumas similaridades e diferenças entre essas duas línguas. Por exemplo, na língua de sinais Urubu-Kaapor, o uso do espaço parece ter uma flexibilidade bem maior do que na língua de sinais usada em São Paulo, em que os sinais são realizados em um espaço bem mais restrito. Por outro lado, ambas as línguas usam os intensificadores e os quantificadores depois do nome ou incorporados ao nome.
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Webpage: http://www.ronice.cce.prof.ufsc.br/.
ReVEL, v. 10, n. 19, 2012
ISSN 1678-8931 363
Ainda a década de 90, contaram com produções acadêmicas pontuais em diferentes estados do país. Felipe (1998), Karnopp (1994, 1999) e Quadros (1997, 1999) são exemplos desta fase das pesquisas sobre a Libras. Felipe (1998) apresenta uma descrição tipológica para os verbos da Libras. A autora apresenta os verbos em duas classes principais,