Pediatria na atenção básica ciência e arte em transição para crianças que vão viver 100 anos ou mais
PARA CRIANÇAS QUE VÃO VIVER 100 ANOS OU MAIS
O título deste texto parafraseia o de um artigo do professor de Pediatria da UNIFESP, Jayme Murahovschi (2006), para dizer que a motivação para a construção de mais um texto com o tema da Saúde da Criança e do Adolescente foi o desafio de pensarmos juntos sobre a integralidade da atenção, pretendida no acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento, pelo Programa Saúde da Criança, em época de transição demográfica e epidemiológica (Santos, 2010); enfocando sim a prevenção e tratamento das doenças comuns na infância, a promoção de saúde, mas também buscando ampliar as percepções sobre as necessidades das famílias e interrogar-se sobre as melhores formas de dar respostas a tais necessidades (Mattos, 2001); podendo pensar na atenção à saúde como construção de autonomia para escolher individual e coletivamente a melhor forma de andar a vida (Campos, 2007). Na década de 70 nos orgulhávamos de ser uma nação jovem: a nossa pirâmide populacional era um triângulo de base larga, que se afilava rapidamente. A análise mais atenta, no entanto, mostrava que a população jovem era decorrente da associação de uma alta taxa de natalidade (5,8 filhos/ mulher em idade fértil), mesmo frente à elevada mortalidade infantil da época - 75/1.000 nascidos vivos. As nossas crianças morriam de desnutrição e doenças infecciosas; conseqüência de alimentação inadequada, a primeira prejudicava a imunidade contra infecções que, repetidas, agravavam a desnutrição. As doenças infecciosas respiratórias e as diarréicas constituíram durante muito tempo, na principal causa de morte das crianças brasileiras até um ano de idade (Murahovschi, 2006). Os agentes infecciosos tidos como “vilões” da alta morbi-mortalidade, eram, na realidade, simples carrascos a executarem a sentença de morte ditada pelas condições socioeconômicas desfavoráveis: a pobreza, a falta de saneamento básico, a baixa