Pedagogia
Esta produção textual tem como objetivo analisar um artigo de Luiz Costa Lima, professor e crítico literário.
Conforme Costa Lima, enquanto gênero depende de duas condições fundamentais: 1) um indivíduo que narra suas experiências de vida; 2) e a marca de não ser um texto puramente ficcional. O primeiro termo, que compõe o conceito, não provoca grandes conflitos, uma vez que um narrador assumindo a primeira pessoa gramatical remete à noção de alguém contando sua própria vida. Já a questão da não-ficcionalidade fundamenta-se num "eu" histórico e real. Costa Lima destaca que a não-ficcionalidade do gênero é determinada pelo reconhecimento empírico do leitor. Este, sem ter preocupações quanto aos traços distintivos entre ficção e realidade, sabe reconhecer o que é autobiografia e o que é ficção. As zonas limítrofes entre o texto ficcional e o autobiográfico, bem como seus pontos convergentes, são arrolados pelo crítico, a começar pela tentativa, em ambos os casos, de dar ordem ao caos que a vida apresenta. Por outro lado, continua Costa Lima, a escrita ficcional pode, dentro deste aspecto comum, postular uma utopia, chegando mesmo a renegar-se o estatuto de obra literária ficcional. Nessa linha de pensamento, vemos imagens ficcionais naturalizando-se em vivências do nosso cotidiano e, ambivalente mente, estas mesmas experiências cotidianas transformando-se em matéria de ficção. Se, por um lado, estas características aproximam os dois tipos de escritura, por outro, elas se afastam em função do papel que cada uma concede ao "eu": "Se, na primeira (ficção), o eu empírico do escritor é suporte de invenção, na segunda (autobiografia) é fonte de experiências que intentará transmitir" (LIMA). Continuando sua análise, o crítico argumenta que o "eu" da autobiografia, para ser legitimado, precisa ser contemporâneo de determinadas coordenadas históricas. A pessoa só é alguém se tiver, além de suas aspirações individuais, uma ligação com valores,