paulo freire
“Se há uma prática exemplar como negação da experiência formadora é a que dificulta ou inibe a curiosidade do educando e, em consequência, a do educador.” É preciso que o professor tenha em mente que sem a curiosidade que o move, que o inquieta, que o insere na busca, não se aprende nem ensina. É preciso não só estimular a pergunta, mas o que se pretende com esta ou aquela pergunta, sempre numa postura dialógica, epistemologicamente curiosa. Neste sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Assim, “seus alunos cansam, não dormem”. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas suas dúvidas, suas incertezas. Esse exercício da curiosidade é importante por fazê-la mais criticamente curiosa, mais metodicamente “perseguidora” do seu objeto e, assim, mais epistemológica ela vai se tornando. A utilização de tecnologias, programas de televisão etc., são bons instrumentos para se trabalhar essa curiosidade dos educandos. O autor reitera que “um dos saberes fundamentais à minha prática educativo-críticaé o que me adverte da necessária promoção da curiosidade espontânea para a curiosidade epistemológica”. “Outro saber indispensável à prática educativa crítica é o de como lidaremos coma relação autoridade-liberdade, sempre tensa e que gera disciplina como indisciplina”. Quanto a esta última assertiva, o autor defende que ambas devem se afirmar e se preservar, no respeito mútuo. Tanto o autoritarismo como a licenciosidade é prejudicial à prática educativa. “O bom seria que experimentássemos o confronto realmente tenso em que a autoridade de um lado e a liberdade do outro, medindo-se, se avaliassem e fossem aprendendo a ser ou a estar sendo elas mesmas, na produção de situações dialógicas”. Para tanto, é indispensável que ambas vão se tornando cada vez mais convertidas ao ideal do respeito comum. É o que o autor chama de “autoridade