Paulo Freire
Primeiras Palavras
A questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativa-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos é a temática central em torno de que gira este texto. Temática a que se incorpora a análise de saberes fundamentais àquela prática e aos quais espero que o leitor crítico acrescente alguns que me tenham escapado cuja importância não tenha percebido. Tem que ver também com a relação que certa matéria tem com outras que vêm emergindo no desenvolvimento de minha reflexão. É neste sentido, por exemplo, que me aproximo de novo da questão da inclonclusão do ser humano ,de sua inserção num permanente movimento de procura ,que rediscuto a curiosidade ingênua e a crítica ,visando a epistemológica. É neste sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que treinar o educando no desempenho de destrezas, e por que não dizer também da quase obstinação com que falo do meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às mulheres ,assunto de que saio e a que volto com o gosto de quem a ele se dá pela primeira vez. Daí a crítica permanente presente em mim à malvadez neoliberal ,ao cinismo de sua ideologia fatalista e a sua reclusa inflexível ao sonho e à utopia. Daí o tom de raiva ,legítima raiva ,que envolve o meu discurso quando me refiro as injustiças a que são submetidas os esfarrapados do mundo. O meu ponto de vista é o dos “condenados da Terra” ,dos excluídos. Não aceito ,porém ,em nome de nada ,ações terroristas ,pois que delas resultam a morte de inocentes e a insegurança de seres humanos. O terrorismo nega o que venho chamando de ética universal do ser humano. Devo enfatizar também que este livro é esperançoso ,um livro otimista, mas não ingenuamente construído de otimismo falso e de esperança vã. Dirão que ele é mais um devaneio de um sonhador inveterado. A ideologia fatalista