Paulo freire e a educação libertadora: um modelo para a construção de uma nova escola.
Valter Machado da Fonseca
Para se falar de Paulo Freire é preciso alguns requisitos fundamentais. É preciso amar a vida, acreditar nas utopias, na transformação, numa sociedade mais justa e igualitária. Do mesmo modo, é preciso ter dentro de si a esperança, a ousadia, a coragem de enfrentar as adversidades do dia a dia e as repentinas; é preciso, igualmente, acreditar na integridade, na beleza, e no poder de transformação dentro do ser humano, principalmente daqueles a quem a vida fecha as portas, dos “demitidos da vida”, dos “esfarrapados do mundo”. Portanto, não estão autorizados a falar sobre ele os opressores, aqueles que matam, que ceifam a vida de milhões de pessoas. Não estão autorizados os que reprimem, os sensores, os escravocratas, os ditadores, os fascistas. Não estão autorizados aqueles que passam pela vida, simplesmente por passar, aqueles que esperam, acomodados, que as coisas caiam do céu. Do mesmo modo, não estão autorizados todos aqueles que de uma forma ou de outra, são incapazes de amar. Então, para falar de Freire, antes de tudo, é preciso desarmar o coração para deixar falar a voz da emoção, para deixar falar a voz da esperança e deixar a porta aberta para receber a utopia. Pelo conteúdo dos dois parágrafos anteriores dá para se ter uma noção da grandeza do homem e da nobreza dos sentimentos de Freire. Antes, porém, de falar da sua obra, é preciso, primeiro, entendê-lo enquanto homem, não um homem qualquer, mas um ser humano ímpar, capaz de amar sem pedir nada em troca. “Capaz de ter raiva porque capaz de amar”. É preciso “assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto”. É preciso compreendê-lo simplesmente por ser apaixonado pela vida; por ser capaz de acreditar num ideal e persegui-lo, sem tréguas por 76 anos a fio. Capaz de amar por entender que os homens apesar de toda a irracionalidade, um dia, ainda, podem tornar-se racionais.