Paulo Francis

1542 palavras 7 páginas
QUEM MATOU PAULO FRANCIS?

O tom dominante nos registros sobre os 17 anos da morte de Paulo Francis, no próximo mês, deverá ser o dos anos anteriores: sua morte foi causada ou precipitada por uma ação judicial proposta contra ele pelos diretores da Petrobras. De tanto ser repetida, a história já é de domínio público. Angustiado pelo questionamento judicial, Francis estava sob tal pressão que acabou sofrendo um enfarte. Morreu em fevereiro de 1996, em Nova York.
Muito se escreveu a respeito desde então, mas há mais especulação e confusão em torno desse episódio do que fatos concretos. Hoje já é possível dizer que a saúde do jornalista pode ter sido mais prejudicada pela desatenção (ou negligência) do seu médico. Num atendimento superficial, ele diagnosticou como bursite as dores que Francis vinha sentindo. E se mandou para o carnaval carioca, onde ficou sabendo da morte do seu paciente.
Para a opinião pública, e em particular para os jornalistas, a questão que sobreviveu à morte de Paulo Francis é a sua relação com o processo. Os sete diretores da Petrobras, liderados pelo [então] presidente, Joel Rennó, decidiram cobrar reparação judicial pelo dano moral que alegaram ter sofrido. Durante o programa Manhattan Connection, no ar até hoje, Francis disse que “os diretores da Petrobras põem dinheiro na Suíça”; que “roubam em subfaturamento e superfaturamento”; e que constituem “a maior quadrilha que já atuou no Brasil”.
Ao ouvir essas acusações, Lucas Mendes, o mais antigo participante do programa, se virou surpreso e de certa forma chocado pela gravidade das denúncias do companheiro. Como qualquer jornalista profissional faria, questionou Francis: ele tinha as provas do que acabara de dizer, de improviso, sem qualquer acerto?
Ficou logo evidente que ele não tinha provas das afirmativas. Dissera aquilo por impulso, em função do papel que criou e desempenhava na televisão, sua contribuição para a originalidade do programa. Os telespectadores deviam entender que

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