Paul veyne
Paul Veyne tem 80 anos e é um dos grandes nomes da historiografia francesa. Especialista em história de Roma, foi responsável pelo vol. 1 da clássica coleção História da Vida Privada, traduzida no Brasil pela Cia. das Letras. Começou a se tornar importante quando publicou Como se escreve a história, em 1970, no contexto do que Peter Burke chamou de terceira geração da Nova História francesa, que superou o domínio da história econômica e da demografia, postos pela geração de Braudel. Paul Veyne preconizou uma nova valorização dos grandes personagens, e dos eventos ocasionais e fortuitos, navegando contra a corrente daquelas grandes histórias focadas no clima, na produção econômica, ou nas ideias políticas. Neste contexto, o estudo sobre a relação de Constantino com o cristianismo é uma obra paradigmática do tipo de história que Veyne propõe.
Para fazer sua proposta, Veyne contradiz vários lugares-comuns sobre o papel histórico do primeiro imperador romano cristão. Mesmo tendo sido comunista na juventude (diversão garantida as comparações entre a “fé” de Constantino na Providência divina e a de Lênin e Trotsky na Revolução) e continuando a se declarar ateu, Veyne não desconhece o significado da experiência religiosa e da crença em Deus, evitando transformar o “ateísmo metodológico” numa ferramenta direcionada a produzir anacronismos.
A conversão de Constantino foi