Paul Veyne
“Tudo é história, logo história não existe”
ORIGENS
O historiador francês Paul Marie Veyne pode certamente ser considerado um dos mais profícuos e polêmicos historiadores da historiografia contemporânea francesa e mundial.
Autor de difícil enquadramento em alguma corrente historiográfica específica, Paul Veyne é contemporâneo da terceira geração dos Annales na França, colaborando no sentido da difusão da chamada História Nova.
É um dos poucos historiadores franceses que procurou estabelecer um diálogo intenso com a filosofia, em especial com o campo da epistemologia (CARDOSO JÚNIOR, 2003). Entre outras denominações, já foi considerado como o epistemólogo da História Nova (ALBERTTI, 2007), protótipo do historiador pós-moderno (RUDIGER, 1995) e um irracionalista “sem aspas” (ZANDONÁ, 2004).
COMO SE ESCREVE A HISTÓRIA
Como se escreve a história divide-se em três partes, a saber, 1. O objeto da história, 2. A compreensão e 3. O progresso da história.
Neste artigo de epistemologia histórica, Veyne discute algumas das principais questões e problemas historiográficos com os quais os historiadores se deparam em suas pesquisas e na tarefa de escrita da história. Noções como acontecimento, narrativa, intriga, trama, conceitos e teoria estão presentes nas reflexões do autor.
A primeira parte, O objeto da história, ocupar-se-á da definição do que seja a história e de suas possibilidades e limites epistemológicos. Assim, o autor começa por dizer que a história é conhecimento, sempre incompleto, mediante documentos e indícios. A individualização dos eventos históricos é função simplesmente de acontecerem, o que quer dizer que eles jamais se repetem, ainda que falem da mesma coisa. A história, sendo anedótica, seria interessante porque atividade narrativa, porém distinguir-se-ia do romance em um ponto essencial, qual seja, o de que o que interessa ao historiador é a busca da verdade.
O campo da história é indeterminado, porém,