Patogenese
Apesar dos pastores da região fronteiriça entre Inglaterra e o País de Gales descreverem durante muitos anos que por vezes nasciam borregos fracos, com tremores e com lã de pouca qualidade, foi apenas em 1959 que os investigadores do recém inaugurado laboratório veterinário de Worcester descreveram uma patologia com estes sintomas, a que chamaram border ou „B‟ disease, devido a esta localização entre fronteiras (Hughes,
Kershaw & Shaw, 1959). Pouco depois esta patologia foi reconhecida pela Nova
Zelândia, Austrália, e Estados Unidos da América. Na Oceânia a patologia adoptou o nome de „hairy shaker‟, que significa „tremores peludos‟ derivado dos sinais clínicos que a doença provoca nos pequenos ruminantes.
Devido ao facto desta patologia apenas se ter manifestado em duas raças de ovelhas muito semelhantes nos primeiros anos, os investigadores consideravam que era de etiologia genética. Porém, à medida que iam aparecendo diversas raças de ovelhas com esta patologia começou a considerar-se que esta patologia teria etiologia infecciosa, o que veio a ser confirmado em 1976 por Dickinson e Barlow em Edimburgo, e por colegas em Worcester (Nettleton & willoughby, 2007). Hoje em dia pensa-se que esta doença está presente em todos os países produtores de ovinos e caprinos (Radostits,
Gay, Blood & Hinchcliff, 2007).
DESCRIÇÃO DO AGENTE
O vírus Border disease (BDV) é uma das quatro espécies de pestivírus classificadas na família Flaviviridae. O género Pestivirus compreende o BDV, o vírus da peste suína clássica (CSFV), e as duas espécies distintas do vírus da diarreia viral bovina (BVDV), BVDV1 e BVDV2, tal como é apresentado na figura 1.
Estes vírus receberam o nome baseado nas espécies em que foram isolados pela primeira vez, por isso o vírus isolado das ovelhas e cabras foi nomeado BDV, o que foi isolado nos suínos CSFV, e o vírus isolado nos bovinos BVDV (Fauquet, Mayo,
Maniloff, Desselberger & Bell, 2005). No entanto, a capacidade de