Partidos Políticos
1. Da definição de partido político
Quem, na ânsia de encontrar uma boa definição de partido político, se dispuser a ler, da primeira à última página, as três obras máximas que o século XX já produziu acerca dos partidos políticos — os livros clássicos de Ostrogorsky (La Démocratie et l’organization des
Partis Politiques), Michels (Les partis politiques: essai sur les tendances oligarchiques de Démocraties) e Duverger (Les partis politiques), há de concluir a leitura profundamente decepcionado: terá empregado em vão toda a sua diligência, pois a instituição em apreço não é objeto ali de nenhuma definição.
E, no entanto, com Ostrogorsky estudou-se, com amplitude sociológica e admirável cunho científico, na organização dos partidos americanos, a máquina eleitoral, o caucus e o boss político.
Com Michels formulou-se a teoria da destinação oligárquica dos partidos, a “lei de bronze” da burocratização partidária, como já disse um tratadista, tomando de empréstimo o termo marxista; enfim, investigou-se aquela lei que conduz o poder às mãos de uma elite satisfeita, rotineira e superposta à massa eleitoral e que em absoluto não abdica o monopólio de sua influência ou poder de decisão.
De último, com Duverger, a ciência política cancelou, segundo alguns publicistas, todas as antecedentes classificações de formas de governo, que vinham desde a imortal divisão feita por Aristóteles
(monarquia, aristocracia e democracia) até chegar a de Montesquieu, para abraçar-se unicamente àquela do autor francês, ou seja, a que faz apenas inteligível algum sistema governante quando se distinguem os governos em mono-partidários, bipartidários e multipartidários.
Como aqueles abalizados publicistas modernos não se sobressaem por uma conceituação do partido político omitindo em suas rigorosas análises esse aspecto do problema, vamos volver por conseguinte a alguns textos clássicos da literatura política, em busca de determinadas definições