parrhesia
A palavra parrhesia aparece pela primeira vez na literatura grega em Eurípedes
(ca. 484-407 a.C.) e ocorre através do antigo mundo grego das letras desde o fim do século 5 a.C., mas pode ser encontrada ainda em textos patrísticos escritos no fim do quarto e durante o século 5 d.C. dúzias de vezes – por exemplo, em João Crisóstomo
(345-407).
Há três formas da palavra: a forma nominal parrhesia; a forma verbal parrhesiazomai; e há também a palavra parrhesiastes – que não é muito frequente e não pode ser encontrada nos textos clássicos. Ao contrário, encontra-se apenas no período greco-romano – em Plutarco e Luciano, por exemplo. Num diálogo de Luciano, “Os
Mortos vem à vida, ou O Pescador”, um dos personagens tem também o nome
Parrhesiades.
Parrhesia é comumente traduzido para o inglês como free speech, em francês por franc-parler e em alemão por Freimüthigkeit. Parrhesiazomai é usar a parrhesia, e o parrhesiastes é quem usa a parrhesia, i.e. é aquele que fala a verdade.
Na primeira parte do seminário de hoje eu gostaria de oferecer uma visão global acerca do significado da palavra parrhesia e da evolução de seu significado através da cultura grega e romana.
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PROMETEUS - Ano 6 - Número 13 – Edição Especial - E-ISSN: 2176-5960
1. Parrhesia e Franqueza
Para
começar,
qual
é
o
significado
geral
da
palavra
parrhesia?
Etimologicamente, parrhesiazesthai significa dizer tudo – de pan (tudo) e rhema (o que é dito). Aquele que usa a parrhesia, o parrhesiastes, é alguém que diz tudo o que tem em mente: ele não esconde nada, mas abre seu coração e sua mente completamente para outras pessoas através de seu discurso. Na parrhesia, presume-se que o falante dê um relato completo e exato do que tem em mente, de modo que a audiência seja capaz de compreender exatamente o que aquele que fala pensa. A palavra parrhesia então se refere a um tipo de relação entre o falante