Paratextos Editoriais
Profª. Sônia Queiroz
Estudos Temáticos em Edição: Paratextos Editoriais
GENETTE, Gérard. Introdução. In: _____. Paratextos Editoriais. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. p. 9-20
“A obra literária consiste, exaustiva ou essencialmente, num texto [...]. Contudo, esse texto raramente se apresenta em estado nu, sem o reforço e o acompanhamento de certo número de produções, verbais ou não, como um nome de autor, um título, um prefácio, ilustrações, que nunca sabemos se devemos ou não considerar parte dele, mas que em todo caso o cercam ou prolongam, exatamente para apresentá-lo, no sentido habitual do verbo, mas também em seu sentido mais forte: para torná-lo presente, para garantir sua presença no mundo, sua ‘recepção’ e seu consumo, sob a forma, pelo menos hoje, de um livro.” (p. 9)A esses acompanhamentos se dá o nome de paratexto, sendo que o prefixo “para” é ambíguo e indica distância e proximidade, interioridade e exterioridade ao mesmo tempo. “[..] o paratexto é aquilo por meio de que um texto se torna livro e se propõe como tal a seus leitores, e de maneira mais geral ao público. Mais de um limite ou uma fronteira estanque, trata-se aqui de um limiar, ou [...] de um ‘vestíbulo’ [...]” (p.9)
“[...]” sempre carregando um comentário autoral, ou mais ou menos legitimada pelo autor, constitui entre o texto e o extratexto uma zona não apenas de transição, mas também de transação: lugar privilegiado de uma pragmática e de uma estratégia, de uma ação sobre o público, a serviço, bem ou mal compreendido e acabado, de uma melhor acolhida do texto e de uma leitura mais pertinente – mais pertinente, entenda-se, aos olhos do autor e de seus aliados.” (p. 10)“O paratexto compõe-se, pois, empiricamente, de um conjunto heteróclito de práticas e de discursos de todos os tipos e de todas as idades que agrupo sob esse termo, em nome de uma comunidade de interesse, ou convergência de efeitos, que me parece mais importante do que sua diversidade de