A Revis O Do Texto Liter Rio
Raquel Beatriz Junqueira Guimarães**
Resumo
A partir da prática de revisão de uma variedade de textos, o artigo reflete sobre o pressuposto de que o texto literário, por sua especificidade, requer do revisor um domínio que extrapola o de um revisor de outras modalidades de textos. Comportando a memória de outros textos, a obra literária, ao ser lida, atualiza a memória do revisor, num exercício constante que exigirá, além dos conhecimentos linguísticos que todo revisor deve dominar, uma prática que se situa nas fronteiras entre a objetividade de um profissional crítico e a subjetividade de um leitor sensível.
Palavras-chave: Revisão; Texto literário; Memória; Mnemônica textual.
Antes de debater a questão que ora apresentamos, é preciso esclarecer que partilhamos o ponto de vista de que é possível fazer a revisão de um texto literário sem cair na tentação de considerá-lo um solo sagrado e sem tratá-lo como um texto despossuído de especificidades. Significa dizer que o texto literário, em seu processo de produção, é, tal como outros textos, passível de receber revisões de linguagem e de estilo. O trabalho do revisor, entretanto, não pode perder de vista que se trata de uma obra de arte em processo de constituição. Sob essa perspectiva, o revisor torna-se uma espécie de leitor privilegiado da obra e, ao mesmo tempo, um parceiro de escrita do autor. Dialoga com esse, observando criticamente os aspectos intrínsecos da produção.
Essas reflexões já ocuparam uma de nós anteriormente, no artigo que apresenta a ideia de que o revisor pode assumir funções semelhantes a de um tradutor (PERPÉTUA, 2008). Naquela oportunidade, chamamos a atenção, entre outros aspectos do trabalho de revisão, para a carga ideológica presente na preparação de textos cujos autores detinham uma condição social muito distanciada do saber institucionalizado e do mundo editorial. Do mesmo artigo
* Universidade Federal de Ouro