Paralelismo gramatical
Revista de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e Literatura
Volume 09 – Janeiro de 2012 – ISSN 1982-7717
PARALELISMO GRAMATICAL: CONSTRUINDO SENTENÇAS COORDENADAS
E CORRELATAS
Humberto Borges1
RESUMO: O presente artigo analisa a presença e a ausência de paralelismo gramatical em sentenças coordenadas e correlatas na produção textual de estudantes de ensino médio em
Brasília, tendo como objetivo mapear os fatores que influenciaram, especificamente, a ausência de paralelismo nos textos em análise.
PALAVRAS-CHAVE: Paralelismo gramatical. Coordenação. Correlação.
Na fala ou na escrita, a ocorrência de paralelismo dá-se pela retomada de estruturas nos níveis fonológico, lexical, morfossintático e semântico. O princípio de paralelismo gramatical, objeto de estudo deste trabalho, consiste na repetição de estruturas morfossintáticas numa sentença ou num texto, ou seja, o princípio de paralelismo gramatical induz haver relações de equivalência entre pontos de uma sequência verbal (ADAM, 2008).
Vejamos:
(1)
Ele acordou, desceu as escadas, comeu rapidamente e varreu a casa.
(2)
Ele deseja um doce, mas ela quer uma fruta.
Na oração (1), há uma breve narrativa de atividades que um indivíduo realizou durante determinado tempo. Como essas atividades ocorreram sucessivamente, ou seja, há uma equivalência entre as ações realizadas pelo indivíduo, os verbos foram todos conjugados no mesmo tempo e modo: pretérito perfeito do modo indicativo. Na oração (2), temos idêntica estrutura sintática para ambos os períodos: Sintagma Nominal Sujeito (SN1) + Sintagma
Verbal (SV) + Sintagma Nominal Complemento (SN2), ou seja, há um argumento experienciador (SN1) e um tema (SN2) para cada SV, conjugados no mesmo tempo e modo – presente do indicativo.
Em ambas as orações, o paralelismo gramatical ocorre a partir de sentenças compostas por dois ou mais períodos, sendo (1) um caso de paralelismo morfológico e (2) um caso de