Paradise now
O filme acompanha a vida de dois amigos de infância, Said (Kais Nashef) e Khaled (Ali Suliman). Ambos moram numa cidade próxima à Tel Aviv, passam o dia trabalhando numa funilaria de fundo de quintal e, no tempo livre, ficam se drogando e vendo a cidade do alto das montanhas. Abu-Assad faz questão de nos mostrar seus protagonistas despojados de qualquer fanatismo ou disciplina. Pelo contrário: Said e Khaled levam suas vidas de forma até mesmo desleixada, quase irresponsável. Logo no início, uma desavença fútil com o patrão faz com que Khaled quebre o pára-choque do carro de um cliente. Na cena seguinte, nenhum dos dois parece muito preocupado com o fato.
A narrativa muda seu curso quando Said é procurado por Jamal (Amer Hlehel). Said é avisado que ele e Khaled foram escolhidos para a execução de um ato suicida, em Tel Aviv. O roteiro não se preocupa muito em expor os detalhes e objetivos do plano. Apenas ressalta que a estratégia vinha sendo estudada há 2 anos e que, naquele momento, era chegada a hora de partir da teoria para a prática.
Inicialmente as reações são diferentes: ao receber a notícia, Said fica em silêncio. Não parece entusiasmado. Para ele, mesmo tendo sido doutrinado na cultura palestina desde a infância, é difícil acreditar que aquela será sua última noite na face da Terra. Ao contrário, Khaled não se contém em si. Esfuziante, sente-se honrado com o convite e não vê a hora de partir para a ação. Esse conflito interno dos personagens vai pontuar todo o terceiro terço, quando os detalhes da operação são revelados e colocados em prática.
Abu-Assad, palestino de nascença, passa seu recado com algumas belas e enigmáticas seqüências: no momento em que Khaled grava o vídeo, anunciando as razões de sua conduta, a câmera apresenta problemas técnicos, que fazem com que o discurso tenha que ser refeito por duas vezes. Na primeira, o operador comenta: “Não funcionou!”. Na segunda, Jamal, que assiste a gravação, diz: “Calma Khaled! Agora você