Resenha Paradise Now - Antropologia
O filme “Paradise Now”, aparentemente, trata de um assunto muito utilizado como tema de grandes produções cinematográficas no mundo inteiro: o conflito entre Palestina e Israel. O que este carrega em si de inovador e incomum é a nacionalidade do filme ser justamente Palestina, algo dificilmente encontrado, divulgado e reconhecido na “assustada” cultura Ocidental. Se trata especificamente do recrutamento de dois jovens palestinos, Said e Khaled, a serem peças chaves de um atentado terrorista à Israel como homens bomba.
O estranhamento por parte do espectador é garantido logo no início pelo embate entre seus valores e os tratados no filme. A morte para os jovens na situação colocada é questão de honra e de justiça; um povo que se encontra isolado pelo próprio mundo em que vive não consegue ver escapatória a não ser conformar-se ou aliar-se às forças terroristas, sempre vislumbrando uma tentativa de libertação de seu povo e principalmente pela família. A película retrata também partes ordinárias do cotidiano dos palestinos que destoam radicalmente da sociedade em que vivemos, como valorização da qualidade de água e dos padrões estéticos dos habitantes da região.
Ao serem convocados à missão, há uma perceptível divergência opinativa entre os personagens principais sobre a decisão da morte por um ideal; Khaled demonstra-se decidido e entusiasmado com a ideia de defender seu povo, porém Said se mantém indeciso em abandonar sua mãe viúva e seu amor Suha.
No decorrer da trama os papeis em que os personagens se encontram vai sendo invertido; Said se perde dos companheiros e na tentativa de achá-los novamente se depara com inúmeras situações em que seu comportamento muda completamente. Já Khaled, também em busca do melhor amigo desaparecido, chega até Suha e ouve talvez o discurso que nunca antes foi ouvido por grande parte da população daquele local; Suha, personagem crítico do filme que já teve contato com diversas