A INFORMACAO JAMES
Seja como for, aquelas passagens, as antigas, não informavam o destino, e muito menos o ponto de partida. Ele não conseguia se lembrar de ter visto nelas nenhum tipo de data, e certamente não era feita nenhuma menção ao horário. Tudo era diferente agora, claro. Todas aquelas informações. Archie se perguntou qual seria a razão daquilo.
Zadie Smith
O que chamamos de passado é construído sobre bits.
John Archibald Wheeler
Prólogo
O problema fundamental da comunicação é reproduzir num determinado ponto, seja exata, seja aproximadamente, uma mensagem selecionada num outro ponto. As mensagens costumam ter um significado.
Claude Shannon, 1948
Depois de 1948, que foi o ano crucial, as pessoas imaginaram ser capazes de apontar um propósito claro a inspirar a obra de Claude Shannon, mas esse é um olhar contaminado por desdobramentos posteriores. A visão dele era bem outra: Minha mente vaga por aí, e penso em coisas diferentes dia e noite. Como um autor de ficção científica, ponho-me a pensar: “E se as coisas fossem assim?”.1
Por acaso, 1948 foi o ano em que os Laboratórios Telefônicos da Bell anunciaram a invenção de um pequeno semicondutor eletrônico, “um dispositivo de simplicidade impressionante”, capaz de fazer tudo aquilo que uma válvula termiônica fazia, e de modo mais eficiente. Consistia numa lasca cristalina, tão pequena que centenas delas caberiam na palma de uma mão. Em maio, os cientistas formaram uma comissão para batizar o invento, e foram distribuídas cédulas de papel aos principais engenheiros de Murray Hill, Nova Jersey, relacionando algumas opções: triodo semicondutor… iotatron… transistor (um híbrido de varistor e transcondutância). Transistor foi o nome vencedor. “Isto pode ter um significado de grande alcance na eletrônica e na comunicação elétrica”, declararam os Laboratórios Bell num comunicado à imprensa e, fugindo à regra, a realidade superou as expectativas. O transistor deu início a uma revolução