Para que filosofia hoje
(Luciano Souza, in Diário Nordestino de 22/07/2001)
Não pretendo ensinar tal ou qual sistema filosófico, mas ensinar-lhes a aprender a filosofar por si próprios, a formar uma opinião própria. (Kant)
“Desculpa, professor, mas, será que diante do grande progresso científico em que vivemos, há espaço para a Filosofia?" E imediatamente, outros alunos se manifestaram: "É, professor, há sentido na Filosofia?". "Que sentido há em estudar Filosofia neste mundo onde a ciência tecnológica parece dominar todas as dimensões da vida humana?"E o debate prosseguiu por várias aulas.
Os questionamentos angustiados dos alunos acerca do porque da Filosofia não são uma novidade ao longo da história . Mas, uma pergunta sobre a necessidade de filosofar hoje, tem lá suas peculiaridades. Embora tais perguntas pareçam estar permeadas de matizes debochados, posto que para alguns, o argumento de que "estudar filosofia não dá dinheiro" parece ser veraz, faz-se necessário encará-los de uma forma positiva. Mesmo que vivamos sob a aparente eficiência de uma tecnologia de ponta, onde a exigência de um conhecimento técnico se faz cada vez mais forte, não seria somente a Filosofia como disciplina (no caso específico), a única área do conhecimento que deve ser encarada como o "bode expiatório" das incertezas da humanidade.
Entretanto, fiquemos com os questionamentos de nossos alunos. Em primeiro lugar devemos levar em consideração que a "essência da Filosofia é a procura do saber e não a sua posse" (Claudino Piletti, Filosofia da Educação, Ática, p. 18). Desta forma, por ser o trabalho filosófico uma atitude de reflexão, a Filosofia nasce da crise, pois é somente em crise que se começa a pensar, conforme as palavras de Charles Feitosa, em matéria veiculada neste jornal em 31 de outubro de 2000. Desta forma, os questionamentos dos alunos têm fundamentação.
Em segundo lugar devemos levar em conta o contexto sócio-histórico em que vivemos. Ao darmos conta