PARA ONDE FOI O FUTURO? Marc Augé
Marc Augé
O autor busca no texto, por objeto, discutir as noções de imanência - que se refere à comprovação empírica da realidade, ou seja, se apoia exclusivamente na experiência e na observação – de desenvolvimento, de globalização, de contemporaneidade, de modernidade, de memória, e de utopia, tentando responder “pra onde foi o futuro?” Durante a introdução Marc trabalha os paradoxos do tempo e o modo como são colocados e compreendidos na nossa história atual. O primeiro paradoxo se dá no fato de o indivíduo ter a consciência de existir em um determinado tempo, que precedeu seu nascimento e que continuará depois de sua morte. Segundo ele a maioria das sociedades estudadas pela etnologia tradicional, a representação da hereditariedade, mostra que a morte não é um fim em si, e sim uma ocasião de redistribuição e reciclagem dos elementos que a compõem. O segundo paradoxo se dá graças a dificuldade do homem de pensar no mundo sem imaginar seu surgimento nem lhe conferir um termo. E o terceiro paradoxo do tempo diz respeito a história ao acontecimento sempre esperado e sempre temido. Marc levanta a hipótese de o terceiro paradoxo, o paradoxo do acontecimento, estar em seu ápice, quando, sobre a pressão dos acontecimentos , a história se acelera, e achamos que podemos negar sua existência celebrando o seu fim. O aparecimento da linguagem trouxe a necessidade de tornar o mundo significante, e o tempo, muito mais que o espaço, fornecia a matéria-prima para essa reflexão. Marc cita como exemplo o domínio do calendário, que foi umas das formas mais eficazes de controle político e/ou religioso, uma vez que, o tempo, “dado imediato da consciência, aparecia, simultaneamente, como um dos componentes essenciais da natureza e como instrumento privilegiado para compreender a sociedade e dominá-la” (pg.9). Desta forma, não haveria sentido separar a reflexão do tempo da reflexão do espaço. Tomando como exemplo de mudança espaçotemporal, o