Lula e os usos politicos do passado
O presidente Luis Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República em Janeiro de 2003 após uma vitória eleitoral perpassada por elementos simbólicos como a sua trajetória marcada pela origem simples em um pequeno vilarejo do sertão nordestino que tinha como objetivo gerar uma identificação entre Lula o eleitorado, principalmente das camadas populares. Além disso, investiu-se na proposta de um pacto social que uniria estado e sociedade para superar problemas urgentes como a fome e as desigualdades sociais. Nas suas palavras:
“Criou-se no Brasil a ideia de que o Estado pode tudo, e nós queremos provar que o Estado pode menos do que as pessoas imaginam, mas que o poder de indução do Estado é tão grande, que se o Estado fizer a política correta de envolvimento da sociedade, eu não tenho dúvida nenhuma de que a gente consiga fazer o milagre de acabar com a fome neste país”.
De modo a legitimar tais objetivos, os discursos presidenciais podem ser observados como tentativas de inaugurar um período de exceção da História do Brasil que teria se iniciado com a eleição de uma pessoa sem curso superior, de origem pobre, de família retirante, com uma leve lesão corporal e de discurso popular, um legitimo representante do “povo brasileiro”, que até então era um ente enaltecido pelo discurso político tradicional, mas sempre desclassificado e excluído enquanto sujeito do processo político e de uma cidadania a ele sempre negada.
A proposta de inaugurar esse tempo por vir inovador utilizou-se principalmente do uso recorrente de palavras como esperança, perseverança, luta, mudança e otimismo que serviram como atestado de compromisso com a sociedade. Tal característica já estava presente no seu discurso de posse:
O Brasil conheceu a riqueza dos engenhos e das plantações de cana de- açúcar nos primeiros tempos coloniais, mas não venceu a fome; proclamou a independência nacional e