Para ler ester
José Luiz de Amorim Ratton Júnior Jorge Ventura de Morais
INTRODUÇÃO ste artigo tem como escopo investigar os limites, as tensões e as lacunas do enfoque teórico-metodológico1 proposto por Jon Elster, caracterizado por um tipo de explicação intencional-causal, que tem por pressuposto o individualismo metodológico2 e que elege a busca por mecanismos explicativos como estratégia analítica fundamental.
E
Inicialmente, será feita uma breve exposição histórica da trajetória teórica do autor norueguês, bem como da sua “metodologia da explicação”. Em seguida, esta será submetida à análise mediante o levantamento e a discussão de algumas objeções a tal abordagem.
A TRAJETÓRIA DE JON ELSTER
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Um dos traços mais marcantes da filosofia das ciências sociais de Jon Elster (1985) é a sua defesa permanente e fiel do individualismo meto-
* Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada no XXIII Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais – ANPOCS em 1999. Agradecemos aos pareceristas anônimos de Dados as sugestões que foram incorporadas ao texto final deste artigo, bem como a Tema Pechman pela revisão cuidadosa.
DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 46, no 2, 2003, pp. 385 a 410.
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José Luiz de Amorim Ratton Júnior e Jorge Ventura de Morais
dológico. Para ele, trata-se de uma doutrina em que todos os fenômenos sociais – sua estrutura e sua mudança – são, em princípio, explicáveis de forma que somente envolvam indivíduos – suas propriedades, seus objetivos, suas crenças e suas ações. A variante de Elster do individualismo metodológico esteve, inicialmente, associada à ênfase dada pelo autor à utilidade das ferramentas da teoria da escolha racional para a explicação social. Essa versão forçaria o cientista social a voltar-se para aqueles processos no plano individual que produzem