O direito como instrumento de poder Antígona de Sófocles é uma grande referencia para acadêmicos e profissionais do campo do direito por tratar de uma verdadeira dicotomia entre direito positivo e direito natural. Seu enredo é pautado em um conflito entre um rei autoritário que defende que o pilar que sustenta o estado é a suprema obediência de seu povo para com o seu soberano, e uma jovem que defende a manutenção do estado através de um ordenamento jurídico justo. A obra se desenvolve a partir da imposição coerciva de uma lei pelo estado, que desrespeitava os princípios individuais de seu povo, a ordem real provocou a insatisfação de Antígona que ficou entre o dilema de seguir a determinação estatal ou seguir seus princípios naturais. Esse conflito de idéias é marcante em todo o livro. Creonte usou a força para se manter no poder, essa é uma grande característica dos governos tirânicos, mas o estadista que para se manter no poder faz uso apenas da repressão, uma hora sua autoridade será questionada. Os tiranos procuram sempre silenciar seu povo, mas não podem ter o total controle de suas mentes. A rebeldia é um grande perigo para governos autoritários, foi o que aconteceu em Tebas, Antígona preferiu ignorar a lei dos homens, que afrontar a lei dos deuses, sua contravenção a ordem de real lhe rendeu uma condenação a morte. Hemôn, que é filho de Creonte e noivo de Antígona, intercede junto a seu pai a favor de sua amada. Procura o aconselhar para ele rever a sua decisão, e mesmo argumentando que um soberano deve sempre respeitar os direitos do seu povo, que o estado não poderia se concentrar unicamente nas mãos de um só homem e não seria contrariando os princípios naturais que ele manteria sua autoridade, seus esforços foram em vão. Um homem não possui sozinho à suprema sabedoria, mas Creonte pensou ter esse poder e acabou ignorando os conselhos de seu filho e de todos aqueles que sempre