Paper-poço da onça
1Aline Moreira do Nascimento
Antes de tudo é necessário compreender o que é um lugar, seu conceito nos faz refletir e perceber as características de um espaço geográfico. O conceito de lugar ganhou nova dimensão, que foge ao senso comum, quando visualizado pelas mais recentes correntes do pensamento geográfico: a geografia humanística e a geografia marxista, que viabilizaram um redimensionamento não só do conceito de lugar bem como de diversos outros conceitos fundamentais da geografia. Em sua nova visão, o lugar ganha em abrangência de significado deixando de ser compreendido apenas como um espaço produzido, ao longo de um determinado tempo, pela natureza e pelo homem, para ser visto como uma construção única, singular, carregada de simbolismo e que agrega idéias e sentidos produzidos por aqueles que o habitam. Muito além de um espaço físico, de uma paisagem repleta de elementos e de referências peculiares passíveis de descrições objetivas e racionalizadas, o lugar, na visão humanística, constitui-se como uma paisagem cultural, campo da materialização das experiências vividas que ligam o homem ao mundo e às pessoas, e que despertam os sentimentos de identidade e de pertencimento no indivíduo. É, portanto, fruto da construção de um elo afetivo entre o sujeito e o ambiente em que vive.
Inicialmente, lugar foi definido por Aristóteles como o espaço que circunda o corpo. Descartes, buscando elaborar o conceito aristotélico, afirma que a determinação do lugar deve obedecer à relação da posição do corpo com a posição dos outros corpos. A dialética marxista identifica na apropriação capitalista do espaço um processo de personalização dos lugares que, simultaneamente, reconstroem suas singularidades e expressam o fenômeno global em curso nos últimos séculos. Portanto, o conceito de lugar amplia-se profundamente diante das novas visões desenvolvidas por aqueles que se debruçaram sobre ele mediante as