Pan-africanismo no brasil: o lugar da áfrica e o movimento negro unificado (1978-1988)
Danilo Santos da Silva [2]
Introdução
O presente artigo é fruto da terceira etapa do projeto Visões da África e Praticas Emancipatórias dos Intelectuais Afro-brasileiros. É uma análise historiográfica que tem como objetivo mostrar as práticas de afirmação do negro na sociedade brasileira, através das lutas jurídicas e do empoderamento do movimento negro, que tem como marco inicial a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978, e se estende até a democratização do país (1988). No que diz respeito à metodologia, aprofundamos a problemática da questão racial e sistematizamos a bibliografia sobre o protagonismo do movimento, utilizando os depoimentos dos intelectuais e militantes negros (1978-1988). Nesse sentido, entendemos ser de fundamental importância pesquisar a história do movimento negro para compreender a formação do Brasil contemporâneo.
Movimento Negro: uma discussão historiográfica
Podemos encontrar nos estudos historiográficos duas interpretações do que entendemos por movimento negro: uma que reconhece como tal, apenas o movimento político de mobilização da população negra, mesmo que em muitos momentos se manifeste por intermédio da cultura (Imprensa Negra, Frente Negra Brasileira, Teatro Experimental do Negro (TEN), Movimento Negro Unificado (MNU), entre outras. A segunda reconhece como tal, toda e qualquer cultura de resistência física ou cultura da população negra. A primeira reconhece como movimento negro apenas o conjunto de grupos e organizações negras do período republicano, nesse sentido o movimento negro seria uma invenção contemporânea. A segunda reconhece não só os grupos e organizações negras contemporâneos, como também todos os quilombos, as rebeliões, as religiões e a cultura de matriz africana como movimento negro.
Dentro da primeira corrente interpretativa de movimento negro brasileiro,