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A FILOSOFIA DA
PAISAGEM
Georg Simmel
Tradutor:
Artur Morão www.lusosofia.net i
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Covilhã, 2009
F ICHA T ÉCNICA
Título: A Filosofia da Paisagem
Autor: Georg Simmel
Tradutor: Artur Morão
Colecção: Textos Clássicos de Filosofia
Direcção: José M. S. Rosa & Artur Morão
Design da Capa: António Rodrigues Tomé
Composição & Paginação: José M. S. Rosa
Universidade da Beira Interior
Covilhã, 2009
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A Filosofia da Paisagem∗
Georg Simmel
Inúmeras vezes deambulamos pela natureza livre e avistamos, com os mais variados graus de atenção, árvores, cursos de água, prados e searas, colinas e casas e outras mil alterações da luz e das nuvens - mas, lá por atendermos a um pormenor ou contemplarmos isto ou aquilo, ainda não estamos conscientes de ver uma "paisagem". Pelo contrário, semelhante conteúdo particular do campo visual não há-de acorrentar o nosso espírito. A nossa consciência, para além dos elementos, deve usufruir de uma totalidade nova, de algo uno, não ligado às suas significações particulares nem delas mecanicamente composto - só isso é a paisagem. Se não me engano, raramente nos demos conta de que ainda não há paisagem quando muitas e diversas coisas se encontram lado a lado numa parcela de solo e são directamente contempladas. Tentarei, a partir de alguns dos seus pressupostos e das suas formas, interpretar o peculiar processo espiritual que, de tudo isso, compõe a paisagem.
Antes de mais, que os elementos visíveis num local da terra sejam "natureza- porventura com obras humanas que nele se enquadram - e não arruamentos com armazéns e automóveis - tudo isso ainda não faz desse lugar uma paisagem. Por natureza entendemos o nexo infindo das coisas, a ininterrupta parturição e aniquilação das formas, a unidade ondeante do acontecer, que se expressa na continuidade da