paisagem marca
Na sua proposta Berque consideraria a paisagem como marca e ao mesmo tempo como matriz. Assim “A paisagem é uma marca, pois ela expressa uma civilização, mas é também uma matriz porque participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação
– ou seja, da cultura – que canalizam, em um certo sentido, a relação de uma sociedade com o espaço e com a natureza e, portanto, a paisagem do seu ecúmeno”
(BERQUE:1998:84-85). Nesse sentido ela é objetiva pois se refere a um contexto concreto, e ao mesmo tempo ela é subjetiva porque evoca o imaginário.
Em outro trabalho, publicado em 1994, Berque parte do pressuposto de que a análise da paisagem não deve se pautar apenas pelo aspecto visível, ou seja, pelo seu caráter morfológico, assim como não deve se reduzir aos estudos psicológicos. Apesar da paisagem ter sua especificidade na forma de ser observada, através da sua subjetividade, ela é mais do que um ponto de vista ótico e um “espelho da alma”. Sendo assim ela também se refere aos objetos concretos, tendo um suporte objetivo. A paisagem é dada pela integração do sujeito com o objeto (BERQUE:1994:5)
A paisagem para Berque é uma marca, que expressa uma civilização a partir de sua materialidade, que pode e deve ser descrita e inventariada; mas é também uma matriz, que participa dos esquemas de percepção, concepção e ação, ou seja da cultura; ela é vista por um olhar, apreendida por uma consciência, valorizada por uma experiência, julgada e eventualmente reproduzida por uma estética e por uma moral, gerada por uma política... é também uma abstração que não reside somente no objeto, nem somente no