paideia
LIBERDADE
Peri Mesquida: Mestrado em Educação – PUCPR
Rosane Wandscheer: Mestranda em Educação – PUCPR
Resumo
A paidéia na Grécia clássica e, em particular, na República, de Platão, tem uma conotação de libertação na medida em que se fundamenta na areté (virtude) e na aletheia (verdade). Ela prepara o homem grego para gozar da liberdade conquistada e ser dono do seu destino. Ela é, também, desmistificadora, pois derruba os ídolos da mentira e da falsidade – a ideologia. O método de formação utilizado por Sócrates é a maiêutica, constituída de perguntas e respostas numa relação dialógica com os educandos. O método da paidéia é, portanto, o dialógico.
Paulo Freire quando anuncia a educação como prática da liberdade e elabora uma pedagogia que se origina no oprimido, se aproxima em conteúdo, método e finalidade da prática pedagógica socrática tal como nos é apresentada por Platão e Xenofonte. No entanto, o motor que estimula a ação pedagógica é a utopia, tanto nos textos de Platão quanto nos de Paulo Freire. A utopia não como o não – lugar, mas como a esperança que se atualiza, no sentido de Ernst Bloch.
Palavras-chave: educação, paidéia, utopia, liberdade.
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Introdução
Neste texto defendemos a tese de que a pedagogia e praticada por Paulo freire se aproxima da Paidéia grega, de acordo com a visão de Sócrates. Defendemos, ainda, a tese de que esta pedagogia é estimulada pela utopia da esperança (o Princípio esprança) como a encontramos em Ernst Bloch. Assim, a pedagogia freireana podia tornar-se uma prática educacional capaz de dar aos oprimidos do Terceiro Mundo a voz que eles perderam quando a colonização européia começou.
Para começar, é necessário traçar um esboço do contexto a partir do qual se desenvolveram o pensamento e a prática pedagógica de Freire. Filho de um militar e de uma professora, Paulo Freire cursou Ciências Jurídicas na Faculdade de Direito de
Recife. O