padrao ouro
A oposição mais acirrada à restauração do padrão ouro no pós-guerra vinha da Inglaterra. De fato, Keynes foi praticamente toda sua vida um dos críticos mais radicais do padrão-ouro, precisamente pelos custos que este impunha, em termos de produto e emprego, às economias que a ele aderissem.
O padrão-ouro exibia dois defeitos fundamentais, segundo Keynes. Por um lado, o crescimento das economias exige uma oferta de moeda crescente para que as transações adicionais, correspondentes ao volume maior de produto, tenham lugar sem pressionar juros para cima ou preços de bens e serviços para baixo (o Plano Collor, no Brasil de 1990, ilustra bem a dificuldade que é tentar realizar transações quando a oferta de moeda é insuficiente). No caso do padrão-ouro, a disponibilidade de moeda depende de um fator exógeno, independente da operação dessas economias, que é a disponibilidade de ouro. Se o ouro for escasso, poderá não haver moeda suficiente para que a economia realize suas transações normais. Uma forma de combater a falta de liquidez é a elevação da taxa de juros, de modo a atrair ouro de outros países. Esta saída, no entanto, não apenas é prejudicial à comunidade internacional (o país que perdeu ouro será obrigado a reagir
4de forma semelhante), como ao próprio país interessado, já que a elevação dos juros domésticos prejudica investidores e consumidores.
O segundo defeito é conhecido por ajuste assimétrico. Quando uma economia cresce mais do que seus parceiros, tende a aparecer um déficit em suas transações comerciais. Isto se dá porque quando a renda de um país cresce, costumam crescer também suas necessidade de bens importados (seja, por exemplo, de matérias primas que não possam ser produzidas no país, ou bens de capital, ou mesmo bens de consumo que os residentes da economia em crescimento desejem importar de outros países). Já suas exportações dependem, em grande medida, da renda dos países que demandam os seus produtos. Se um país cresce mais