ouvir
A Legitimação filosófica do Ver
A modernidade junto da secularização iniciou o que Max Weber chamou de ‘Desencantamento do mundo’ torna a visão base de percepção da nossa sociedade. Entre os nossos sentidos, a visão é a mais abstrata, pois os olhos projetam a mente para fora e ao fazer isso percebem o mundo a partir de pontos de interesses. Em outras palavras: entre o sujeito e o objeto.
Descartes foi muito importante para esse processo pois iniciou um tipo de saber não mais baseado em Deus, e sim na racionalidade humana. Ele reduziu o homem apenas a uma realidade pensante (res cogitans) que deve se basear na razão e não nos sentidos pois estes são susceptíveis a incertezas. Cabe ao sujeito pensante a tarefa de entender e definir o mundo material (res extensa).
Ecos do Declínio do Ouvir
Em diversas culturas a voz se constituía como um poderoso meio da comunicação, através dela eram feitas alianças, o poder instituído, etc. Nas sociedades despóticas a voz possuía importante papel, pois ela era vista, ouvida e temida, mesmo que a figura de poder fosse a do déspota que ao usar seu corpo como personificação do deus impunha sua lei.
A voz perde seu poder com a iniciação da escrita. Como a grafia não necessita de um corpo, ela mina também o poder do déspota pois não precisa dele para se fazer ‘ouvir’.
Para Baitello Jr. a escrita significa o declínio da cultura do ouvir, visto que não é necessária a presença física para que se possa comunicar. Walter Benjamin já falava sobre isso, dizendo ocorrer a perda da troca de experiências que é o que acontece quando paramos para ouvir o outro.
Para Benjamim a morte da narrativa está interligada ao avanço moderno. O primeiro indício é o surgimento do romance e se legitima com a difusão do livro e da imprensa, onde as notícias são mais rápidas.
As culturas escrita e