Os princípios de justiça de john rawls: o que nos faria segui-los?
Os princípios de justiça de John Rawls: o que nos faria segui-los?
Gabriel Bertin de Almeida1
Resumo: no presente texto pretende-se discutir o papel da motivação na teoria da justiça de John Rawls. Abordaremos a motivação dos sujeitos imaginários na posição original e, ainda, segundo expressão do próprio autor, a motivação dos sujeitos “de carne e osso” em uma sociedade bem ordenada, que é sua verdadeira preocupação. Não discutiremos o conteúdo dos princípios, a não ser de modo indireto. O que interessa é a motivação para instituí-los e, ainda, para segui-los. Nosso foco principal é discutir se a alta racionalidade da teoria rawlsiana consegue, como pretende, deixar de lado posições morais. Palavras-chave: Teoria da Justiça – motivação – posição original – princípios de justiça.
1. Os princípios de justiça de Rawls e a mitigação das variadas formas de desigualdade
Antes de abordarmos o problema da motivação dos sujeitos imaginários na posição original e, ainda, a motivação dos sujeitos “de carne e osso” em uma sociedade bem ordenada para instituir e seguir os princípios de justiça, vejamos de maneira breve alguns pontos principais da teoria rawlsiana. A teoria da justiça de Rawls procura unir duas diretrizes que historicamente marcaram duas regiões distintas do mundo: a tolerância e a liberdade individual, muito prezadas na América do Norte, especificamente nos Estados Unidos, e a igualdade econômica e social, mais
1 Mestre e doutorando em Filosofia pela USP. Professor da PUCPR, campus Londrina. E-mail: gabrielb@usp.br
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Almeida, G. B. Cadernos de Ética e Filosofia Política 8, 1/2006, p. 07-18.
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intensamente defendidas no continente europeu. Evidentemente, a diretriz usualmente identificada a cada região também se faz presente na outra, em maior ou menor medida, dependendo do governo vigente em cada país. De qualquer modo, é razoável afirmar que os Estados Unidos são