Os primórdios da psiquiatria no Brasil
O ALIENADO SEM ALIENISTA
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo discorrer sobre o início da psiquiatria no Brasil, utilizando-se do conto O Alienista de Machado de Assis como ilustração deste período.
Desde muito tempo relata-se a presença do louco. Entretanto, a loucura enfocada pela ciência, tendo a psiquiatria como uma especialidade médica, só ocorreu a partir do século XVIII, quando em 1793, o médico francês Philipp Pinel, libertou os doentes mentais que estavam acorrentados no Hospital Bicêtre. Desde então, a abordagem de cunho científico, passou a fazer parte do tratamento da doença mental (BARREIRA & PERES, 2009).
Foucault (2010) chama a atenção, contudo, para o fato de que libertados das correntes, os loucos são reduzidos à condição de objeto; de um saber que domestica, classifica e investiga. “Se ela pôde ser libertada, é porque a loucura foi definitivamente imobilizada como doença mental” (SERPA JÚNIOR, 1999, p. 29). O louco passa a ser visto como alienado, incapaz de responder por si. Quem exerce o olhar sobre ele são os alienistas, médicos que buscam partir dos sintomas para se chegar a quadros gerais, através do estudo de fenômenos perceptíveis (TEIXEIRA, 1997).
Todavia, até que o louco ganhasse este estatuto de doente mental na Europa, diversas mudanças de paradigmas foram necessárias. De inocentes passaram a hereges e, por fim, a alienados que necessitam de práticas específicas. No Brasil, entretanto, a categoria do louco não veio na crista de nenhum ideal ou revolução...
VERSÃO BRASILEIRA
No século XIX, o Brasil passava por transformações no campo da esfera política, econômica, social e cultural. Entre 1841 e 1889, ocorre a consolidação do Estado Monárquico conhecido como Segundo Reinado. Seus objetivos principais eram: reforçar a figura do imperador D. Pedro II (recém coroado) e restaurar o Poder Moderador criado outrora pelo seu pai, D. Pedro I. O império brasileiro almejava a