Os muros que não vemos
Bárbara Dalcanale
Entre os Muros da Escola lançado na França em 2007, e baseado no livro Entre os Muros de
François Bégaudeau, ocorre em sua maior parte dentro de uma sala de aula em uma escola do subúrbio de Paris, mais precisamente durante as aulas de literatura francesa. O filme dirigido por
Laurent Cantet mostra a relação entre o professor e o alunos da sétima série do ensino fundamental e, além de mostrar os desafios do ensino atual, expõe a miscigenação cultural e racial que acontece na França. E são esses muros invisíveis, esses que separam os professores dos alunos, e esses que existem entre os próprios alunos, que os separam por diversos motivos sejam eles cultura, raça ou religião, que o filme retrata.
A situação de hostilidade entre os alunos de diferentes culturas presentes no filme é um retrato da realidade da periferia francesa que sofreu fortes conflitos por causa do preconceito contra os imigrantes argelinos na época em que Nicolas Sarkozy era ministro do interior do país.
Todos no elenco são professores, alunos e pais também na vida real, embora não estejam interpretando a si mesmos, e o professor François Marin é interpretado pelo próprio François
Bégauden. Durante o filme Marin tenta fazer com que seus alunos incorporem o idioma e a literatura francesa, mas ao se deparar com uma classe de adolescentes entre 13 e 15 anos composta por africanos, asiáticos, latino-americanos e franceses depara-se com um grande conflito cultural. A historia do filme é toda contada através de longos diálogos, e muitos deles foram feitos sem roteiros, onde os jovens puderam criar seus próprios diálogos, o que deu uma sensação de realidade muito grande ao filme.
Apesar de ser um filme francês e representar a realidade francesa, a situação de uma sala de aula no Brasil, principalmente nas Escolas Publicas, não é muito diferente. A partir dos anos 70 houve um grande crescimento do poder público escolar, fazendo com que