Os espaços vazios e as vidas secas
Na palestra “O sertão brasileiro e os Andes peruanos: territórios vazios, paisagens nacionais”, o professor Rômulo Monte Alto discorreu sobre como, de um ponto de vista simbólico, os sertões são grandes paisagens literárias. Após essa introdução, o palestrante apresentou o conceito de “territórios vazios” e citou algumas referencias bibliográficas de obras que tratavam do sertão brasileiro e do sertão andino. As referências foram “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, em que Monte Alto dissertou sobre a grande descrição da paisagem que o autor fez nessa obra, e “Crónica del Peru”, de Pedro Cieza de León. Além dessas referências, o professor leu os contos “A menina de lá”, de Guimarães Rosa e “Nuestro Gápaj”, de Oscar Colchado.
O professor Monte Alto, em seu artigo “Os territórios intocados e os espaços vazios”, define os territórios vazios da seguinte maneira:
Estes espaços "incivilizados" ou "vazios" são, na verdade, algumas regiões que permaneceram intocadas frente aos períodos de intensa modernização que aconteceram no continente, em função de suas inclementes condições geográficas, o que resultou em resistência frente aos intercâmbios culturais e definiu sua representação como as fronteiras interiores a serem conquistadas pelos países latino-americanos em seu percurso rumo à modernidade. Serão também as áreas que a ficção histórica procura para discutir a nacionalidade a partir de seus espaços, discursivamente vazios e culturalmente tensionados, locais onde a civilização não conseguiu vencer a batalha contra a barbárie aí persistente.
(MONTE ALTO, Rômulo. 2005, p. 87)
A partir dessta definição, neste trabalho citarei o conceito de espaço dentro da literatura e compararei ao conceito de “territórios vazios”. Após isso, relacionarei essas concepções ao romance “Vidas Secas”, analisando como esses territórios que muitas vezes são inapropriados para a vida humana, agem sobre os personagens do romance de Graciliano Ramos, publicado