Os efeitos de sentido na tradução do discurso de posse do presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy
O trabalho de tradução é muito mais simbólico do que semiótico. O semiótico é determinado se manifestado por meio da literalidade do discurso. O simbólico designa o elemento consciente e genético na produção do sentido.
Como o sentido1 é percebido pelo inconsciente Kristeva (1976:238) argumenta:
Se a gramática gerativa força hoje em dia a reflexão semiótica a considerar o sentido não mais como um dado já presente, (ao nosso ver, na tradução é o texto), que deva ser estruturado, mas sim como uma sintaxe (de uma frase) que deve ser gerada, as diversas práticas semióticas indicam à nossa ciência que essa criação, por ser a da significação, é ao mesmo tempo, e de maneira inseparável, a do sujeito falante.
Isto quer dizer que a reflexão semiótica não poderia escapar a um positivismo estreito, a não ser dando ouvidos à ciência do sentido, isto é, à psicanálise. Ela terá então a possibilidade de se tornar uma ciência da produção do sentido e de seu sujeito, ciência que desfaz – analisa – a aparência opaca soa a qual os mesmos se apresentam, remontando à sua criação: ao ponto em que eles trabalham, criam, produzem.
Com efeito: o texto, e sobretudo o texto moderno, a partir do final do século XIX, transformou-se no laboratório (entendemos laboratório como: elaborar, trabalhar) em que se buscam as leis de criação do sentido e do sujeito na linguagem.
Devemos levar em conta também os fatores estruturais e lingüísticos dos textos no ato tradutório, para Laranjeira (1993:21): “As qualidades positivas de tais textos ditos veiculares (que entendemos textos não literários) são a univocidade e a clareza”.
Ao compararmos o original e a tradução percebemos que na tradução o discurso foi separado por tópicos. Acreditamos que tal recurso se deu devido a ter sido publicado no jornal, que tem caráter